Antonio Carlos Pedroso de Siqueira

Página Pessoal

 

 

HOME

 

ARTIGOS

 

SERVIÇOS

 

NEWS

 

CONTATOS

 

 

 

 

NetLegis

Revista Contábil e Jurídica

 

Tributário.Net

 

Guia dos Contadores

 

Ambiente Brasil

 

 Meu Blog:

O Outro Lado das Notícias

 

 

 

Guerra para a paz!

Antonio Carlos Pedroso de Siqueira
Sócio da MOORE STEPHENS (25/abril/96)

 

        É relativamente antiga a história (anedota, mais precisamente) sobre a reunião de alto nível, realizada pelos mais dignos representantes da sociedade brasileira, com o objetivo de buscarem uma solução para a grave crise que assolava o País, quando um dos presentes, brilhante pela retórica, lembrou que países como a Alemanha e o Japão, que foram praticamente destruídos por ocasião da 2ª Guerra Mundial, despontavam, na atualidade, como lideres mundiais e modelos de desenvolvimento. Lembrava que esse desenvolvimento só fora conseguido pela ajuda que tiveram dos países que se destacaram como os vencedores da guerra, notadamente os Estados Unidos da América. Propunha, como solução derradeira para as crises sociais e econômicas que impediam o desenvolvimento do País, que sob qualquer pretexto declarássemos guerra aos Estados Unidos; e estes, após uma rápida (e infelizmente necessária) batalha, fossem considerados os vencedores e se responsabilizassem pelos cuidados necessários ao nosso bem estar e desenvolvimento social. E, assim, simplesmente estariam resolvidos todos os problemas brasileiros! Após a ruidosa manifestação de apoio pela “brilhante” solução (alguns desses representantes eram antigos “colecionadores” da moeda americana), ouviu-se uma voz tímida que, do meio da grande sala indagava: “E se nóis ganhá a guerra? O quê que vamô fazê?”

 

        Verdadeiramente estamos em guerra já há bastante tempo! Ao menos a população vêm lutando, bravamente, para vencer por seus próprios meios a guerra pela sobrevivência que nos foi imposta como condição de integrantes de um mundo cada vez menor e mais competitivo. Os governantes da maioria dos países está atônita, sem saber bem o quê fazer (se bem que, na maioria das vezes, os governantes acertam mais quando nada fazem).

 

    As armas atuais são representadas por empresas eficazes com produtos competitivos (grande quantidade e qualidade, agilidade na distribuição e atendimento aos anseios do consumidor, aliados a baixo custo). Claro que outros fatores têm influência nessa grande competição, que significam: bom emprego, boa educação, boa saúde, ou, simplesmente, desenvolvimento social amplo e sustentado. Entretanto desejamos focar inicialmente apenas o item que trata do custo de um produto, nos aspectos relacionados a sua magnitude e controle.

 

        A primeira novidade, dentre a universalidade delas que se apresentaram a partir de 1990, foi a abertura de mercado “prá” valer e sem uma regra lógica quanto as alíquotas que incidiriam sobre as mercadorias importadas. O descontrole foi tamanho que provocou inibição na importação de bens de produção, já que aos investimentos o governo estabeleceu só incertezas com políticas contraditórias de curto prazo. De positivo, apenas o retorno forçado de capitais financeiros que estavam fora do país, que passaram a ser fundamentais na continuação dos negócios já existentes. A inflação, combatida a custa de um grande sacrifício da população, demorou pouco tempo para retornar.

 

        Passado alguns meses os empresários brasileiros, em nítida demonstração de agilidade e habilidade frente às situações adversas, iniciaram seus programas de reestruturação de suas empresas e de seus negócios, implantando programas de qualidade total, investindo pesado em modernos equipamentos de informática, dentre outros, que permitiam uma maior agilidade no processamento de suas informações e nos controles de suas minguadas margens, que resultam dos preços de venda quando confrontados com os dos produtos importados.

 

        Dispondo de tecnologia moderna para operacionalizar suas empresas ficou evidente a falta de preparo da mão-de-obra disponível. As escolas brasileiras, de todos os níveis, públicas ou particulares, salva honrosas e raras exceções, preparam sem muita objetividade os seus alunos. Professores abnegados que se sujeitam a dar o melhor de si sem contar com apoio de qualquer natureza, inclusive financeira nos seus próprios salários, tentam manter sua voz em salas abarrotadas de alunos desmotivados, descrentes e revoltados, que acabam dificultando aqueles que têm ainda acesa a vontade de aprender. Esses alunos passam de uma série a outra sem estarem efetivamente preparados, pelo simples fato de que se ficarem na mesma série impediram o ingresso de novos alunos ao primeiro ano. Passam de um período para outro sem qualquer preparo, para não ocuparem lugar. A dificuldade de, nas novas séries, por falta de base, não conseguirem aprender os novos conhecimentos que lhes são passados, os torna cada vez mais revoltados e desmotivados, transformando-os em pessoas violentas e sem a autoconfiança necessária ao seu sucesso num futuro profissional.

 

        Nesse panorama resta as empresas formar sua própria mão-de-obra. Sem ajuda oficial e sem procurar, através das associações e entidades, alertar as universidades sobre esse problema fundamental. As universidades continuam outorgando diplomas a pessoas que simplesmente desconhecem, ou não são preparadas, para a realidade que a sociedade está passando. As empresas que desejam ser competitivas, e ter a qualidade de seus produtos aceita, tem que destinar uma parcela de sua margem ao preparo de seus profissionais.

 

        Outro item que merece destaque são os impostos que incidem sobre as atividades empresariais. Não desejo falar sobre a quantidade deles ou sobre suas alíquotas, normalmente consideradas, pelos empresários e consultores, como elevadas, gravosas ou recessivas, ou de sua relação com a capacidade contributiva ou dos efeitos da curva de Lafer. O que devemos analisar é a grande dificuldade que qualquer empresário tem em controlá-los e pagá-los, mais ou menos corretamente. O número de pessoas necessárias para tal fim (funcionários próprios ou contratados), a aquisição de livros e assinaturas de revistas ou periódicos específicos, a contratação de assessores ou consultores especializados, faz parte do custo total da carga tributária da empresa. Acrescente a esse fato a irônica condição de que a maior fatia do imposto pago é usada pelo governo para controlar a arrecadação desses mesmos impostos.

 

        A contabilidade das empresas segue os padrões normais, preocupando-se quase sempre a registrar os fatos contábeis de uma forma que permita a melhor economia de impostos. Ou seja, as demonstrações contábeis refletem distorções decorrentes de “planejamentos tributários”, que levam os patrimônios líquidos das empresas a se reduzirem ano após ano. O paradoxo dessa situação é constatado quando a empresa necessita de um bom cadastro junto aos bancos e o empresário ou o responsável pela área financeira da empresa constata que suas demonstrações não traduzem com propriedade a realidade da empresa e, se não puder “culpar” o contador, procura entregar ao banco suas demonstrações com certas “maquiagens” especiais.

 

        É preciso para com essa situação rapidamente, promovendo o retorno para que as demonstrações contábeis sejam, cada vez mais, próximas à realidade das empresas e, por isso, confiáveis. A chave, talvez, seja a adequada avaliação dos recursos internos de cada empresa e a confiança em investir-se nas melhorias constantes que, o novo paradigma, exige igualmente de todos.

 

        Já deixamos há algum tempo a condição de sermos um País do “faz-de-conta” para, sem qualquer simbologia com a nova moeda, passarmos a ser um País REAL, VERDADEIRO. Não dá para continuarmos enganando que nossos produtos são excelentes quando temos um similar importado para comparar. Não dá para nos enganarmos de que nossa mão-de-obra é a melhor e a mais barata, e, portanto fator “altamente competitivo” com os preços internacionais porquê isso, já está mais do que provado, é exatamente ao contrário (os sindicatos deviam começar a preocupar-se com coisas mais substantivas em vez de servirem - e se servirem - dos interesses políticos sempre distantes da vontade da maioria). O Governo arrecada impostos cada vez mais complexos e elevados para aplicá-los em seu próprio desgoverno. É hora do basta! A sociedade civil, se organizada, tem o dever de exigir ações transparentes e objetivas para o desenvolvimento realmente real e não o desenvolvimento falacioso que (argh!) já enjoou e custa tão caro!

 

        Esta a verdadeira guerra que toda a sociedade civil organizada e responsável - ciosa da importância que é a preservação da cidadania igualitária em todos os níveis sociais - deve começar a observar e a cobrar não só através do exercício democrático do voto, mas, principalmente, pela cobrança constante da gestão dos governantes e atuação dos representantes no legislativo. O povo brasileiro é ordeiro, honesto e trabalhador e este deverá ser o seu reflexo em todos os níveis dos poderes constituídos.

 

        A contribuição que devemos inicialmente promover é a de ajustarmos as nossas vidas e atitudes; as nossas empresas e atividades; etc., a essa nova realidade globalizante, que nos exige uma postura eticamente uniforme, eliminando a figura do oportunista que “tira vantagem de tudo”, de modo amoral. É a hora de começarmos a repensar cada detalhe de nossa vida e nosso negócio, sempre se utilizando de profissionais com habilidades e conhecimentos amplos e holísticos.

 

        Tenho plena convicção que este é o caminho para obtermos o carimbo no passaporte que nos dará o direito de ingressarmos no novo século, além de estarmos, assim, nas mesmas condições de nossos companheiros da aldeia global!

 

 

Rua Fernandes de Barros, 1646 - Hugo Lange

80040-200 - Curitiba - Paraná

Fone: +55 41 3254-8337 Fax: +55 41 3254-4618

siqueira@milenio.com.br