SONETO s.m. (Do ital. sonétto. ) Peça
poética, de 14 versos, composta de dois quartetos e dois
tercetos (soneto italiano ) ou em três quartetos e um dístico
(soneto inglês). ( encic].) Píor a emenda que o soneto:
correção, retoque que acentua a falha original. ENCICL. Liter.
O soneto popularizou-se na Itália nos séculos XIV e XV,
alcançando a perfeição com Dante. Na França, no séc. XlII,
foi muito praticado pela Plêiade e continuou em voga até o
séc. XVII. Na Inglaterra, destacam-se poetas como Shakesperare e
Donne, autores de sonetos de temática erótica e religiosa. Em
Portugal, o maior cultor do gênero foi Camões . Desprezado no
séc. XVIII, ressurgiu na época romântica, tendo sido muito
utilizado por poetas do séc. XIX como Th. Gautier, Baudelaire,
Antero de Quental, Alberto de Oliveira, Cruz e Sousa, Verlaine,
Mallarmé, H. de Régnier e outros. Embora cultivado até o séc.
XX, foi durante o Parnasianismo que o soneto se tomou um gênero
de maior destaque. A disposição das rimas segue o esquema
ABBA-ABBA-CCD-EDE ou EED, embora, modernamente, poetas como Jorge
de Lima e Murilo Mendes tenham escrito sonetos em versos brancos.
A métrica, em geral, utiliza versos decassilabos (alexandrinos).
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RIMA s.f. (Do gr. rhythmos, através do lat.
Rhythmus , ritmo, pelo ant.provenç. rima. ) 1. igualdade ou
concordância de sons, a partir da sílaba tônica da palavra
final de dois ou mais vemos. - 2. Repetição, no meio de um
verso, de som que termina o verso anterior. - 3. Palavra que rima
com outra. - 4. Rima consoante, rima propriamente dita, i.e.,
aquela em que, a partir da sílaba tônica, todos os sons são
iguais (serra-terra: cada-fada ). Rima interna, a que ocorre
entre palavras do mesmo verso.
Rima toante, aquela em que, a partir da sílaba tônica, só as
vogais são iguais: (serra-bela,cara-fada,ovo-choco ).
Encicl. Esse procedimento, inexistente nas literaturas clássicas
latina e grega, foi introduzido na poesia medieval com dupla
finalidade: assinalar a terminação de cada verso e aumentar a
musicalidade do poema, para maior rendimento expressiva A rima
vai buscar sua origem mais longínqua nos versos latinos
denominados "leoninos", nos quais os dois hemistíquios
ás vezes por acaso, rimavam entre si, como, p. ex.: Quamvis
multa mets/ exiret victima scepits ( Virgílio ). A rima do final
do verso também aparece no fragmento que encerra as
Instructiones, de Comódio ( séc. III d.C. ), e mantém-se nos
hinos rítmicos da igreja Católica (Invenit expectantes se cum
gaudio l quos reliquerat gementes in taedio ). A partir do séc.
XII, a rima tomou-se elemento fundamental da poesia portuguesa,
sendo desprezada apenas a partir do Arcadismo, no séc. XVIII.
A rima pode ser distribuída em dois grandes grupos: quanto â
natureza e quanto à disposição no corpo do poema. No primeiro
caso pode ser toante, com repetição apenas de dos vocálicos a
partir da tônica; aliterante, com repetição de sons
consonânticos; consoante, com repetição de todas as letras, ou
de todos os sons (as rimas da primeira e da segunda modalidades
chamam-se rimas imperfeitas; à da terceira, rima perfeita);
aguda, quando rima palavras oxítonas; grave, paroxítonas;
esdrúxula, proparoxítonas; rica, palavras raras; e pobre,
palavras comuns, consideradas assim as terminadas em ão, mente,
ar, ar, ir, or, ãncia, ância, etc., bem como as palavras
pertencentes à mesma natureza gramatical com a mesma
terminação (adjetivos, tempos verbais, substantivos').
Quanto à disposição no corpo do poema, a rima pode ser
emparelhada, quando liga versos seguidos, dois a dois ( AA, BB,
AA, BB, ou AA, BB, CC ); cruzada, quando os versos rimados as
alternam, um a um, com número idêntico de verses soltos ( AB,
CB ). ou quando dois ou mais versos, sujeitos a determinada rima,
se alternam, um a um, com outros versos enlaçados paralelamente
por finais diferentes segundo o esquema AB, AB (nos tercetos,
esse esquema formal dá origem à terça-rima ); abraçada,
quando se estabelece correspondência entre dois versos de
terminação idêntica e dois ligados por uma rima diferente (
ABBA, CDE, CDE; AAB, CCB; AAAB, CCCB; ABCA); interpolada, quando
liga dois versos entre os quais se interpõem três ou mais, de
terminação diferente (ABBBA; ABCDA; etc. ); seguida, quando
alia dois ou mais versos sucessivos ( ABB, etc. ); encadeada,
quando liga o fim de um verso ao interior do verso seguinte;
misturada ou encadeada em moldes diferentes do esquema anterior;
masculina, quando ocorre entre duas palavras que terminam em
sílaba tônica.
Estudos estilísticos modernos ampliam esses conceitos de rima,
atidos aos finais de versos, pois na tradição já se admitiam
certos moldes com rimas 'internas, isto é, quando a um tipo de
final do verso correspondia o mesmo tipo em medial do verso. A
ampliação dos conceitos retundou em múltipla variação da
percepção da rima como apoio fonético, final, medial,
intercalado, serial, com base em tônica, em subtônica, em
cesuras, pausas, elementos tonais. Exemplo de pesquisa nessa
direção é o estudo de Hélcio Martins, A rima em Carlos
Drummond de Andrade ( 1967 ).
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MÉTRICA s.f. 1. da retórica que trata da medida dos versos; metrificação - 2. Em matemática, sin. de distância. . Lit. Arte que ensina a feitura de versos medidos. Chama-se métrica quantitativa ao sistema de versificação cujos efeitos rítmicos se produzem pela oposição entre sílabas longas e breves (grego, latim), em relação à métrica acentual, m qual se opõem sílabas tônicas e átonas (alemão) e à métrica silábica, baseada, fundamentalmente, no cômputo de sílabas combinadas com os ictos e com a rima ( Línguas românicas ). Sistema de versificação própria de um poeta: a métrica de Homero.
Veja mais em: Só Sonetos
Fonte: Enciclopédia Larousse Cultural